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11 de fevereiro de 2014

Em tempos de “revolução” tenho medo de dar minha opinião


Já faz um tempinho que ando evitando proliferar comentários sobre um assunto ou outro. No meu antigo blog, o Profissão: Jornalista, eu sempre opinava sobre que achava de certos assuntos e sempre tinham os a favor  e os contras, normal. Mas hoje em dia, todos são contra. Contra o que você pensa.

Sempre tive um ar sarcástico em meus comentários, onde quer que fosse. Na roda de amigos, brincando em família, no ambiente de trabalho e na internet. Hoje, fico temerosa em me pronunciar sobre um assunto, principalmente se ele estiver sendo destaque na mídia, seja ela qual for.

Ninguém pode falar nada que a turma do “você está falando merda” aparece. E se aparecessem só para suas opiniões contrárias eu não me importaria. Mas ofensas, agressões e outros tipos de atitudes estão tomando conta do mundo, e nem nas redes sociais você escapa do “apedrejamento” por simplesmente pensar diferente.

Se faço um comentário do tipo “sou a favor do aborto, da eutanásia e da pena de morte” na internet, tenho certeza de que chegaram milhares pessoas (muitas que nunca nem vi na vida) e irão enumeras diversas teses para me “provar” que estou errada. Se só esse fosse o problema, eu não ligaria.

Mas a internet, principalmente nas redes sociais, virou “muro de linchamento” daqueles que você não concordar. Basta alguém comentar qualquer coisa que seja diferente do seu pensamento que começo a atacar você. Se for uma notícia então que a maioria aplaudiu de pé e você tiver uma opinião contrária, saia correndo, porque você será “linchado” em “praça pública”, ops, em postagem pública.

Eu não estou falando somente da explosão de violência que anda assolando nosso país, mas de qualquer tipo de assunto. Tenta “afirmar” qualquer coisa na internet para você ver. E nem adianta colocar em caixa alta na frente do texto “ISSO É O QUE EU ACHO”. Ninguém quer saber o que achamos, principalmente se for diferente do que eles acham.

Por esse, e outros motivos, que fui me afastando da Comunicação como profissão, que fui deixando os blogs de lado e ficando mais na minha. Comecei a ficar com medo de abrir a minha boca e falar o que pensava. Isso começou a se refletir na minha off-line também. Em grupo de amigos, se eu desse uma opinião eu era “excluída” ou simplesmente paravam de me chamar para sair. Em família era motivo para o início de uma terceira guerra mundial e ser tachada como a “ovelha negra”. Ou seja, comecei a ficar reclusa em meu mundinho com meu do mundo lá fora.

Essa nova geração do “eu sou especial” está me deixando com medo de pensar. E um escrito quando não pensa, não vive. Mergulhei no meu mundo e fiquei na solidão. Me afastei de amigos, parei de ter relacionamentos amorosos, troquei de profissão para uma que me provesse o menor tempo de contato com “humanos” possível. Me senti virando uma eremita perdida no deserto sem rumo porque o mundo eu vivia tinha tantos “eu sou, eu tenho, eu posso” que comecei a ficar com medo de ser apenas um ser de “eu penso”.

Tenho opinião sobre tudo o que anda rolando no mundo: violência, protestos, mortes, Copa, Olimpíadas, economia, política, sexo etc. Mas prefiro me calar, pois sinto que não vivo mais num mundo onde se é permitido pensar por si só. Ou você segue o rebanho ou é jogado aos lobos...

Então prefiro voltar para meu mundinho solitário, pelo menos nele, não serei agredida, física ou psicologicamente, por pensar diferente de alguém.

Isso é o que tem pra hoje!



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